Conheça a história da Michelle
Nesse livro
conto histórias de 55 palhaças do Brasil, inclusive a minha.
Espero que
você goste e te inspire!
MICHELLE SILVEIRA DA SILVA
Palhaça Barrica – 1982
Nascida na capital gaúcha,
muito pequena, Michelle mudou-se com os pais para o interior da cidade de São
Sepé, numa comunidade chamada Passo dos Leites. Passou a infância mudando de
casa, primeiro morou na casa antiga da falecida avó paterna, que era cercada de
flores, depois mudaram-se para uma casa bem no alto, que tinha uma aroeira em V
no quintal e mais tarde desceram para morar numa casa na beira da sanga.
Michelle esperou 17 anos para
ganhar um irmão, que era o seu sonho, enquanto esse sonho não se realizava, ela
brincava sozinha. Gostava de brincar de bonecas, casinha, professora,
apresentadora e atriz de novela. Na infância, a casa onde morava não tinha luz
elétrica nem água encanada, era tudo muito difícil financeiramente para os pais
que trabalhavam muito para manter a casa, as lavouras e as criações. Então ela
ia assistir às novelas na casa da vizinha. A televisão era movida a bateria de
trator, não podia assistir muito que acabava a energia logo.
O primeiro contato com o
teatro foi assistindo às mulheres da comunidade apresentando uma peça cômica,
onde se vestiam de homens e encenavam situações da vida dos moradores. Michelle
ficou muito animada quando viu fazerem uma cena falando do seu pai, que tomava
muito chimarrão e tinha muitos cachorros. Ficou apaixonada por aquele universo
todo e quis fazer isso na escola com os colegas.
Na adolescência, na cidade de
Santa Maria, Michelle se envolvia o quanto possível com as apresentações de
teatro na escola. Tinha certeza que queria ser atriz, mesmo sem nunca ter
conhecido alguma pessoa que tivesse vivido de arte. Então, no vestibular se
inscreveu no curso de Artes Cênicas e passou. Cursou na Universidade Federal de
Santa Maria, a melhor universidade e melhor experiência de crescimento pessoal
e profissional que teve.
Foi na universidade que
Michelle teve o seu primeiro contato com a palhaçaria. Numa das disciplinas do
curso, ministrada pela professora Rozane Cardoso, ela passou por uma iniciação
reveladora e que lhe trouxe um novo olhar para o seu corpo, para as suas
habilidades e limitações, e para o mundo como um todo.
Apaixonada pela ideia de ser
palhaça e de poder levar alegria para as pessoas, Michelle seguiu pesquisando e
buscando cada vez mais conhecimento. No caminho, foi encontrando mestres e
mestras que a ajudaram a construir a sua trajetória. Ana Elvira Wuo, Luiz
Carlos Vasconcelos, Leris Colombaioni, Geraldo Passos, Gardi Hutter e Lily
Cursio são as grandes referências para Michelle e a sua palhaça Barrica.
Em 2008, realizou um grande
sonho, trabalhar num circo. Foi convidada para trabalhar no Circo Teatro
Biriba, e com ele viajou por vários estados. A experiência de trabalhar e
viajar com um circo foi arrebatadora, desde a montagem da lona, do palco, os
ensaios, montagens, até as apresentações e viagens.
Quando saiu do circo, voltou a
dar aulas que é mais uma de suas paixões. E nesse período foi convidada a
participar do encontro Esse Monte de Mulher Palhaça, no Rio de Janeiro. A
menina vinda do interior do Rio Grande do Sul, agora voava do oeste catarinense
direto para a cidade maravilhosa, sozinha e com a palhaça na mala. Essa viagem
foi um divisor de águas na vida e na trajetória de Michelle, que conheceu a
palhaçaria feminina.
De lá pra cá, ela criou blog,
editou revistas, montou espetáculos, criou projetos, trabalhou em hospitais,
deu aulas, participou de inúmeros eventos de palhaças e palhaços e segue, passo
a passo construindo diariamente a sua história.
Da mãe herdou a doçura e o
empreendedorismo feminino, do pai herdou o entendimento de construção, e sabe
que uma parede se ergue de tijolo em tijolo bem colocados, e isso não é
diferente em nada que se deseje construir na vida.
* Foto de Rodrigo Grau
** Texto retirado do Livro SOMOS PALHAÇAS, de Michelle Silveira da Silva/2022
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